terça-feira, 12 de novembro de 2013

. A atitude e o método em Filosofia


Em relação à atitude filosófica já foi dito quase tudo nas publicações anteriores a propósito do exemplo de Sócrates. Trata-se de uma atitude de interrogação permanente, daí ser radical, àcerca de questões universais, isto é, que dizem respeito a todos os indivíduos. É necessário, no entanto, não ser demasiado radical. Embora se pretenda combater a ignorância e a ingenuidade, geralmente associadas, não se pretende cair no ceticismo radical - teoria segundo a qual podemos duvidar de tudo -. É preciso examinar as nossas convicções, pois claro, evitando que se transformem em dogmas - verdades absolutas que nunca chegam a ser questionadas -, mas a dúvida terá de ser razoável. Não posso, por exemplo, sem algum exagero, duvidar que estou aqui e agora a escrever este texto. A dúvida não é uma arma de destruição, não se trata de desacreditar aquilo que julgamos ser verdade, mas de consolidação, na medida em que nos permite evitar a precipitação e arranjar boas razões para acreditar naquilo em que acreditamos. Ou seja, trata-se de exercitar o espírito crítico, isto é, a capacidade de avaliarmos a justeza das nossas convicções, de modo a nos tornarmos seres autónomos, isto é, que ousam pensar por si próprios e que não ficam sem saber que fazer caso venha a provar-se que estavam enganados.
Em relação ao método, de um modo geral, podemos dizer que os filósofos desenvolvem argumentos para defender teorias que tentam, por sua vez, responder a determinados problemas. Num primeiro momento colocam um problema, geralmente em forma de disjunção, isto é, em que nos são dadas duas alternativas contrárias, por exemplo, "deus existe ou deus não existe?". Depois definem a posição que pretendem defender, isto é, enunciam a tese, que mais tarde poderá transformar-se numa teoria, por exemplo, "deus existe". Por fim, passam à defesa propriamente dita, isto é, tentam arranjar argumentos para acreditarmos na sua tese, por exemplo, "Ninguém provou ainda que deus não existe. Logo, deus existe." Se este é, ou não, um bom argumento, é algo que poderás aprender no próximo ano quando estudares Lógica. Ainda assim, para que vás pensando no assunto, aqui fica uma dica: parece-te bem defender a nossa posição acerca de um problema chamando a atenção para os pontos fracos da posição contrária?

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