Depois de termos analisado a complexidade da ação, os momentos que a compõem e os fatores nela intervenientes, é altura de perguntarmos se as nossas ações são realmente livres ou, pelo contrário, são determinadas por fatores que escapam à nossa vontade. Fazer esta pergunta significa colocar o problema do livre-arbítrio: será que somos livres ou a liberdade não passa de uma ilusão? Dito de outra maneira: as nossas ações são o resultado da nossa vontade livre ou determinadas?
Comecemos por esclarecer o que significam o livre-arbítrio e o determinismo. Por livre-arbítrio, ou liberdade, entende-se a capacidade de iniciar uma série de acontecimentos, que resultam da nossa decisão, sem que a isso estivéssemos obrigados. O mesmo é dizer a capacidade de fazer qualquer coisa que poderíamos não ter feito, que podíamos ter evitado. Daí que não possamos confundir livre-arbítrio com liberdade política. O primeiro, caso concluamos pela sua existência, é constitutivo do ser humano e verifica-se independentemente das circunstâncias em que nos encontramos, é algo que ninguém nos pode retirar, faz parte de nós. A segunda, pelo contrário, pode ser-nos dada ou retirada, consoante o regime político a que estivermos sujeitos, tal como foi negada a Nelson Mandela por mais de duas décadas e a muitos portugueses durante a ditadura salazarista. O determinismo, por sua vez, defende que as nossas ações são uma consequência inevitável de uma ou várias causas que as tornam necessárias. Trata-se, portanto, de uma teoria filosófica que encara a ação humana à semelhança dos fenómenos naturais, isto é, como elementos de uma cadeia causal cujo ritmo não depende da nossa vontade.
Em relação à resposta ao problema, devemos considerar dois tipos de solução: a compatibilista e a incompatibilista. A solução compatibilista, como o próprio nome indica, considera o livre-arbítrio e o determinismo compatíveis, isto é, verdadeiros simultaneamente, princípios conjugáveis que não se anulam nem entram em contradição. A solução incompatibilista vai no sentido contrário, uma vez que considera os princípios em questão incompatíveis e reciprocamente exclusivos: se há liberdade não há determinismo, se as ações são determinadas então não há livre-arbítrio. De seguida, terás oportunidade de estudar duas teorias incompatibilistas - o determinismo radical e o libertismo - e uma compatibilista - o determinismo moderado -. Analisa-as atentamente e decide em qual delas te revês.
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