Os libertistas entendem que as nossas ações se devem às deliberações que fazemos sempre que se trata de decidir, e nunca a condições anteriores que como numa cadeia as tornam necessárias ou inevitáveis. Ou seja, para o libertismo nunca poderemos encarar as ações da mesma forma que encaramos os fenómenos naturais, uma vez que nada me obriga a fazer o que faço. Trata-se, portanto, de uma teoria que exclui completamente a ideia de determinismo do universo da ação humana. Por exemplo: é verdade que fui indelicado com o meu amigo porque o teste de Matemática me correu mal e precisava de expressar a minha frustação, mas não é menos verdade que agi assim porque quis, que nada me obrigava a descarregar no meu amigo, que fui eu quem decidiu livremente agir desse modo... podia ter ido jogar futebol, nadar ou desanuviar de qualquer outra maneira.
Por muito apelativo que pareça, o libertismo não está isento de críticas. A maior de todas está relacionada com aquilo que devemos entender por "eu". O que é queremos dizer quando afirmamos "fui eu que decidi" ou "a minha ação foi causada por mim"? De que entidade estamos a falar? De uma entidade física? De uma entidade não física? Se se trata de uma entidade física, então está sujeita às leis da natureza que regulam todos os fenómenos físicos, algo que os libertistas rejeitam. Se se trata de uma entidade não física, como explicar então que as nossas decisões tenham consequências físicas, num dado momento e lugar? Dito de outro modo: como é que uma realidade mental pode gerar consequências físicas sem a intervenção de uma realidade física como, por exemplo, o cérebro? Será que podemos distinguir mente e cérebro? Melhor: se defender que as minhas ações não são causadas por nada, nem mesmo pelos os meus estados internos - crenças, desejos, sentimentos... -, não terei que reconhecer que libertismo e indeterminismo - teoria segundo a qual as nossas ações são fruto do acaso - são uma e a mesma coisa?
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