segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

. Os valores e a sua relação com a ação


Os valores são princípios gerais que nos permitem classificar positiva ou negativamente pessoas, atos, situações e objetos com que nos deparamos ao longo da nossa vida. São, portanto, as ideias que nos permitem interpretar a realidade e definir os nossos comportamentos em função daquilo a que damos importância. A sua relação com a ação é tão simples quão fundamental, uma vez que são eles que nos orientam sempre que se trata de tomar uma decisão. Dito de outro modo: os valores funcionam como referências ou critérios em função dos quais julgamos e decidimos. São eles, por exemplo, que me permitem identificar uma situação injusta para que de seguida decida, ou não, lutar contra essa injustiça. Numa palavra, são os faróis da ação, indicando os caminhos a seguir e a evitar.
Do que fica dito resultam necessariamente algumas conclusões. Em primeiro lugar, fica estabelecido que todos os valores têm dois pólos: a justiça, para permanecer no mesmo exemplo, é compreendida em função do que consideramos ser uma injustiça, do mesmo modo que a beleza é avaliada em função do que consideramos ser horrível. Em segundo lugar, dando conta da multiplicidade de áreas em que a vida e a realidade se apresentam, devemos concluir pela existência de diferentes tipos de valores. A saber, os valores éticos, que me permitem disitnguir uma ação correta de uma ação incorreta; os valores estéticos, que me permitem, por exemplo, distinguir o que é belo do que não é belo; os valores religiosos, como é o caso da ideia de sagrado; os valores políticos, como a justiça e a liberdade; os económicos, como o liberalismo responsável pela crise em que vivemos... Por último, devemos concluir que os valores são hierarquizáveis. Isto é, há valores mais importantes do que outros, pelo menos que consideramos mais importantes: se, por exemplo, denunciar um amigo que traiu a sua namorada, correndo o risco de perder esse amigo, poderá significar que dou mais importância ao valor da verdade do que ao valor da amizade. A não ser que eu próprio esteja apaixonado por ela e nesse caso seja movido por outros valores. 
Se os valores são universais ou, pelo contrário, variam de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade, é uma questão que analisaremos numa das próximas publicações. Depois de estabelecermos a distinção entre juízos de valor e juízos de facto, o que faremos já de seguida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário